A viagem de Lugar Caído no Crepúsculo, que passa por todos os “não-lugares” do Além, também é uma resposta ao “inferno” em que vivemos. Porque no que toca a Deus e a Diabo, garante João de Melo, que foi seminarista durante seis anos, conhecemos melhor o segundo do que o primeiro.
“Tenha esperança, continue a acreditar”. Na última conversa que teve com a mãe, João de Melo, 65 anos, deparou-se com as mesmas dúvidas que viu crescer dentro de si. “Como é que será depois de fecharmos os olhos?”, perguntou-lhe a progenitora, numa surpreendente conversa filosófica, como revela ao JL. “Será que Deus está lá à minha espera?”, questionou-se. “Tenha esperança, continue a acreditar”, respondeu o escritor, embora a sua fé tenha há muito entrado em crise. Lugar Caído no Crepúsculo, o seu novo romance, é um confronto com essa descrença e uma tentativa de encontrar uma resposta – irónica, metafórica, literária – para as perguntas que a sua mãe, a quem é dedicado o livro, sentiu necessidade de colocar diante da morte, que o escritor descreve como “muro intransponível”. Das crenças da infância às dúvidas da idade da razão, passando pela Guerra Colonial, que fez em Angola como enfermeiro, e as injustiças do mundo, João de Melo é hoje um agnóstico à procura de respostas. Na sua ficção, interroga-se.
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