Vagueava pelas ruas à procura daquilo que não sabia. Tentava escutar no barulho do dia uma voz amiga que lhe trouxesse algum conforto e aconchego ao seu pequeno coração.
Levava na mão um caderno velho e sujo onde registava os momentos que o deixavam feliz. E não eram muitos…
A certeza de que ao chegar a casa ficaria só, deixava perceber uma tristeza escondida por detrás dos seus olhos verdes esmeralda que se destacavam no escuro da sua tez, negra por si só.
Pelo caminho de terra argilosa, ia-se cruzando com as pedras perdidas que adornavam a rua que o vira crescer. Era lá que muitas vezes brincava só a juntar pauzinhos, os seus amigos imaginários.
Era por isso que as pedras e os paus faziam parte dos seus registos de felicidade.
Era comum dar nomes aos seus amigos e inventar com eles as mais divertidas histórias que a sua imaginação, de menino só, conseguia criar.
Foi aí, pelo caminho de terra, por onde sempre passava, que decidiu parar para tentar registar algum momento de felicidade. Mas não era fácil… eles nem sempre surgiam.
Já prestes a desistir, os seus pensamentos foram interrompidos pelo aproximar de um menino que, ao senti-lo só, se aproximou. Aconchegou-o com o seu olhar, partilhou consigo um sorriso e ofereceu-lhe uma história de encantar e a vontade de o fazer feliz.
Certamente que o seu caderno velho e sujo teria o registo de mais um momento de felicidade.
Este menino era só. Ninguém percebia que a ausência de palavras não era sinónimo de ausência de sentimentos e que o menino só só era só não por sua vontade, mas sim por vontade divina.
Ramintchi
Martim Bernardo 6.ºB