Os serões (não «na província», mas em plena capital, nas então Avenidas Novas…) são talvez aqueles momentos familiares que mais me vêm à memória, quando recordo a minha infância e depois a adolescência.
Éramos uma família muito unida. O pai, jornalista brilhante (José Sarmento), falava-nos com emoção e saudades de todas aquelas personalidades com quem tivera contacto ao longo da vida. O António José de Almeida, Presidente da República, de quem se tornara amigo e fervoroso admirador desde o primeiro dia em que tinha sido incumbido de o entrevistar. O D. Pedro II, Imperador do Brasil, que foi esperar, quando ele chegou exilado a Portugal, José Sarmento era ainda estudante do liceu, mas já trabalhava no Jornal da Manhã.
No entanto o que mais me emocionava era quando ele falava dos escritores; então eu bebia as suas palavras, porque esses eram para mim os grandes criadores dos livros que sofregamente devorava desde que aprendera a ler.