No dia 4 de novembro, rumaram à Galiza os alunos do décimo ano do Colégio Luso-Francês. Numa visita relacionada com a disciplina de Português, a lírica trovadoresca teve lugar central.
Os alunos visitaram Pontevedra, onde foram acolhidos pela Virgem Peregrina, na sua capela com forma de concha, e Santiago, onde uma catedral de destaque da Época Cristã se localiza. Foram recitadas várias cantigas nos meios que lhes deram origem e apreciados vários vestígios da Idade Média.
Pretendo aqui elogiar a ideia e a concretização da visita. Torna-se essencial, perante um programa pretensamente abrangente na História da Literatura, que os estudantes conheçam os contextos em que a Literatura nasce. Há obras mais próximas do nosso tempo, às quais aderimos melhor, como as de Fernando Pessoa, em que entendemos mais precisamente a sua origem e mensagem. Porém, no caso da Poesia Trovadoresca, analisa-se não um opus de um só artista, mas uma tradição. Este facto implica que se promova o conhecimento histórico e o exercício de deslocalização temporal, isto é, o de imaginar como seria viver naquele tempo.
Toda a obra de arte é reflexo do seu tempo, não se excetuando a miragem precisa do meio rural das cantigas de amigo e da cortesia das de amor, que a lírica trovadoresca constitui. Aliás, não se desmistificam estas composições pela sua complexidade linguística, mas antes por serem génese da Literatura Portuguesa, a qual é fruto de uma série de condições que lhe são propícias.
Além disso, a língua é feita de palavras e estas não se tocam. Já uma enorme catedral é possível ver-se, o que permite um melhor domínio desta lírica, que é tão paralela à arquitetura, no sentido de ser, embora grandiosa, plana e ainda num estado fetal.
O único ponto negativo terá sido, na visita do museu da Catedral, não termos sido acompanhados por um guia. Todavia, é um aspeto de menor importância, quando comparado com os benefícios culturais e com a relação de união que se desenvolveu entre as turmas.
Concluindo, a visita veio revelar-se importante para uma contextualização histórica e para um sentido comum entre alunos, que indubitavelmente favorecem a aprendizagem.
Francisco Pinheiro, 10.ºB