Natal e não dezembro

Entremos, apressados, friorentos, numa gruta, no bojo de um navio, num presépio, num prédio, num presídio, no prédio que amanhã for demolido… Entremos, inseguros, mas entremos. Entremos, e depressa, em qualquer sítio, porque esta noite chama-se Dezembro, porque sofremos, porque temos frio. Entremos, dois a dois: somos duzentos, duzentos mil, doze milhões de nada. Procuremos … LER MAIS

Poemas Breves

Rita e Maria 1.Por entre as flores, Numa dança coreografada, A borboleta de mil cores Pousa numa pétala delicada. 2. Branca e suave como algodão, Pairando como um balão, Preciosa como diamante em mar de escuridão, A Lua cintilante cabe inteira na minha mão.   Beatriz e Ana Nos obscuros e silentes oceanos Cardumes delicados … LER MAIS

O Gosto dos Caminhos Recomeçados

O que te peço, Senhor, é a graça de ser. Não te peço sapatos, peço-te caminhos. O gosto dos caminhos recomeçados, com suas surpresas e suas mudanças. Não te peço coisas para segurar, mas que as minhas mãos vazias se entusiasmem na construção da vida. Não te peço que pares o tempo na minha imagem … LER MAIS

25 de Abril

Esta é a madrugada que eu esperava o dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo Sophia de Mello Breyner Andresen, in O Nome das Coisas, 197

Pai, Dizem-me que Ainda Te Chamo

Pai, dizem-me que ainda te chamo, às vezes, durante o sono – a ausência não te apaga como a bruma sossega, ao entardecer, o gume das esquinas. Há nos meus sonhos um território suspenso de toda a dor, um país de verão aonde não chegam as guinadas da morte e todas as conchas da praia … LER MAIS

À descoberta do “Livro de Cesário Verde”

Os alunos de 11º ano partiram à descoberta do Livro de Cesário Verde e dessa aventura resultaram alguns exercícios interessantes de intertextualidade . Aqui ficam alguns poemas em diálogo com outras vozes artísticas. 1 EU e ELA Cobertos de folhagem, na verdura, O teu braço ao redor do meu pescoço, O teu fato sem ter … LER MAIS

Se eu pudesse trincar a terra toda

Se eu pudesse trincar a terra toda E sentir-lhe um paladar, Seria mais feliz um momento … Mas eu nem sempre quero ser feliz. É preciso ser de vez em quando infeliz Para se poder ser natural… Nem tudo é dias de sol, E a chuva, quando falta muito, pede-se. Por isso tomo a infelicidade … LER MAIS

Uma casa

Paulo Galindro, “The Tree of Love”   Tu Ensinaste-me a Fazer uma Casa Tu ensinaste-me a fazer uma casa: com as mãos e os beijos. Eu morei em ti e em ti meus versos procuraram voz e abrigo. E em ti guardei meu fogo e meu desejo. Construí a minha casa. Porém não sei já … LER MAIS