Congresso evoca ligação de Vergílio Ferreira a Évora no centenário do escritor

A ligação do escritor Vergílio Ferreira a Évora, onde lecionou e que consta da sua obra, vai ser evocada num congresso na cidade alentejana, entre os dias 29 de fevereiro e 02 de março.

A iniciativa, integrada nas comemorações do centenário do nascimento do escritor (1916-1996), que se assinala hoje, é organizada pelos departamentos de Linguística e Literaturas e de Filosofia da Universidade de Évora (UÉ).

“Vergílio Ferreira: entre o silêncio e a palavra total” é o tema do evento, o qual, segundo a organização, pretende ser “uma grande oportunidade de congregar investigadores de várias áreas do saber em torno de Vergílio Ferreira”.

O objetivo da iniciativa, que vai reunir investigadores e estudiosos da obra do escritor, passa por “(re)evocar as coordenadas que pautam a sua escrita e promover novas hipóteses interpretativas do seu legado ficcional e ensaístico”, referiu a organização.

A coordenadora da comissão organizadora e diretora do Departamento de Linguística e Literaturas da academia, Elisa Esteves, frisou hoje à agência Lusa que a UÉ “não podia deixar de se associar às comemorações do centenário do nascimento” deste escritor.

“O congresso marca o centenário e a ligação do escritor a Évora e ao antigo Liceu Nacional” da cidade, onde “chegou em 1945” e onde “foi professor até 1959”, tendo funcionado naquele que é hoje “o edifício central do Colégio do Espírito Santo” da universidade, disse.

Neste âmbito, lembrou, a UÉ instituiu, em 1997, “logo depois da morte do escritor”, o Prémio Literário Vergílio Ferreira, que, desde então, anualmente, distingue o conjunto da obra literária de um autor de língua portuguesa relevante no âmbito da narrativa e/ou ensaio.

“O prémio foi a forma que a UÉ encontrou de homenagear a figura do escritor” e é um galardão que “tem vindo a consolidar-se, ao longo dos anos, sempre homenageando figuras de grande destaque”, realçou Elisa Esteves.

O galardoado de 2016 já foi escolhido pelo júri e trata-se do escritor açoriano João de Melo, a quem o prémio vai ser entregue numa sessão solene a 01 de março, data da morte de Vergílio Ferreira e que, este ano, coincide com o congresso.

Mas a ligação do escritor a Évora não se esgota na universidade, nem na sua atividade enquanto docente. A cidade está em foco em “Aparição”, o “romance de consagração” de Vergílio Ferreira, destacou Elisa Esteves.

“A ação narrativa de ‘Aparição’ desenrola-se em Évora e nos arredores e o narrador descreve a cidade e todas as impressões que esta lhe deixou”, acrescentou.

Também dos diários do escritor, indicou, constam “várias referências a Évora”, estas “já fora do contexto ficcional”, fruto sim da “sua própria experiência e da sua relação com a cidade e com as pessoas que conheceu”.

No congresso, que vai ser acompanhado por uma exposição na Biblioteca Pública de Évora, reunindo primeiras edições de obras da sua autoria, fotografias e testemunhos de quem o conheceu, como antigos alunos, está prevista a presença de convidados que se relacionaram com Vergílio Ferreira.

Os escritores Almeida Faria e Lídia Jorge e o filósofo Eduardo Lourenço, já galardoados com o Prémio Vergílio Ferreira, em 2000, 2015 e 2001, respetivamente, são alguns desses conferencistas, tal como o cineasta Lauro António, realizador de “Manhã Submersa”.

Diário Digital com Lusa

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=809230

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *