Desafio Literário (Secundário – resposta)

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Quando Elizabeth Moulton-Barrett (1806-1861) se casou com Robert Browning (1812-1889), aos trinta e seis anos, já era uma das referências da poesia inglesa do século XIX. Conta-se que um dia, já depois de casados, Elizabeth entrou no escritório do marido com um maço de papéis na mão e, pousando-o na sua mesa de trabalho, lhe pediu que o lesse. Tratava-se de um conjunto de sonetos que narrava a evolução do espírito da poetisa — do desânimo ao conhecimento do amor. Recusando à partida a publicação, pelo tom confessional dos textos, Elizabeth Browning aceitou o conselho do marido de que se desse ao conjunto um título que indicasse tratar-se de traduções. Por considerar que havia uma uma certa afinidade com os sonetos camonianos — talvez pela análise delicada do sentimento amoroso —, Sonnets from the Portuguese foi o título escolhido para a coletânea. Trata-se de um magnífico ciclo de quarenta e quatro sonetos, onde contenção emocional e a sobriedade discursiva não impediram, todavia, que se tivessem tornado dos mais amados e citados poemas de amor em língua inglesa. Transcrevemos o poema VI da coletânea, cujos ecos se repercutem, por exemplo, no “já não sei andar só pelos caminhos”, do “Pastor Amoroso”, de Alberto Caeiro (Robert Browning, cujos monólogos dramáticos antecipam a heteronímia, é um dos poetas mais lidos por Pessoa…).

VI
Go from me. Yet I feel that I shall stand
Henceforth in thy shadow. Nevermore
Alone upon the threshold of my door
Of individual life, I shall command

The uses of my soul, nor lift my hand
Serenely in the sunshine as before.
Whithout the sense of that which I forbore
Thy touch upon the palm. The widest land.

Doom takes to part us, leaves they heart in mine
With pulses that beat double. What I do
And what I dream include thee, as the wine

Must taste of its own grapes. And when I sue
God for myself, He hears that name of thine,
And sees within my eyes the tears of two.

Por ter sido o primeiro a responder (a 12 de março, 23:49) , o aluno António Pereira, do 10ºF, foi declarado vencedor deste desafio.

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