Discursos do Jantar de 9.º ano

O ano letivo do 3.º ciclo encerrou com um jantar de confraternização entre alunos e professores. No final, cada turma proferiu um discurso de encerramento do ano letivo. Publicamos os quatro discursos como testumunho da identidade incofundível de cada grupo de alunos.

*

Família

Nome feminino 1.conjunto de pessoas com relação de parentesco que vivem juntas, agregado familiar.

Este é a primeira definição que aparece quando procuramos o vocábulo família no dicionário.

No nosso ponto de vista, família vai muito para além disso. Família é quem está sempre presente na nossa vida, nos momentos mais importantes. Aliás, família é quem torna os nossos momentos mais importantes. Uma família não é necessariamente restrita aos laços de sangue, é quem nos apoia quando precisamos, quem nos apanha quando caímos, quem dá sem receber, independentemente de todos os erros que já cometemos. E é por essa razão que consideramos a nossa turma e o nosso colégio uma família. A amizade e carinho criados no 9º A ultrapassam a definição de turma porque de manhã quando acordamos, não vamos ter com um conjunto de pessoas com quem temos aulas simplesmente. Nós acordamos para nos para nos encontrarmos com os nossos melhores amigos, os nosso professores, a nossa família.

Sem nos apercebermos, cada um de nós deu uma parte de si, cada um de nós se entregou a esta família. Todos nós fomos e seremos essenciais para a imortalidade das memórias épicas criadas neste cinco anos. Desde os sorrisos, risos e brincadeiras inacabáveis às lágrimas, fúria e desilusão. Já vivemos de tudo nesta turma. Já falhámos e já nos voltamos a levantar. Já abraçamos e já magoamos. Todavia, no meio de todas estas confusões e obstáculos, sentimo-nos orgulhosos por poder afirmar que o que prevalece é a amizade. Os sorrisos partilhados, os abraços apertados, os beijos atrevidos, os empurrões impulsivos, os insultos desmedidos, os olhares decisivos, as conversas longas, os segredos, as desilusões, as fotografias humilhantes e os risos hilariantes.

É impossível calcular o que cada um deu e o que recebeu da sua turma, independentemente de qual ela seja. Aprendemos coisas que não se conseguem ensinar, apenas vivendo-as é que percebemos e não conheço outras pessoas nem outro local onde as poderia ter aprendido senão estas quatro turmas e este colégio. Toda esta família teve um papel crucial nas nossas vidas e muitas das nossas mais importantes decisões foram influenciadas por ela. Ainda que os caminhos que seguirmos sejam diferentes e nos afastemos, estaremos sempre unidos por tudo o que juntos aprendemos e que nos será útil no futuro porque…

“ Sempre que alguém vai,
Nunca vai só
Deixa um pouco de si
Leva um pouco de nós”

9.ºA

 

Boa noite a todos, (aplausos)

Fomos uma turma durante 157 680 000 segundos,

Foram dois ciclos a ser B

Foram dois ciclos a adorar o Sn4ke, a pescar com o Santos, e a cantar com a Mariana

Foram dois ciclos a ser B

Foram dois ciclos a rir do Zé, a apertar as bochechas do Reis, a procurar o Tarzan da Inês

Foram dois ciclos a ser B

Foram dois ciclos, a brincar com as orelhas do Ribas, a divar com os óculos do Ré, a tentar acalmar a Magui

Foram dois ciclos a ser B

Foram dois ciclos a grilar com o André, a ver a dança dos peitorais do Amaro, a falar bom português com a Nascimento

Foram dois ciclos a ser B

Foram dois ciclos a aturar o lampião do Guima, a ouvir as piadas secas do Liki, a obedecer à Bia

Foram dois ciclos a ser B

Foram dois ciclos a ouvir as teorias do Varela, a admirar o equipamento do Martim, a perseguir o donut com a Beni

Foram dois ciclos a ser B

Foram dois ciclos a dançar kizomba com a Malafas, a chamar Castro ao Pedro, a inventar nomes para a Sofia

Foram dois ciclos a ser B

Foram dois ciclos a ouvir as histórias dos gatos da marta, a aturar os One Direction com a Carol

Foram dois ciclos a ser B

Logo a seguir aos veteranos, vêm os caloirinhos

Foram dois anos a sheilar com a cata, um ano a brilhar com o fósforo e dois períodos a jogar ping pong com o Miguelão

Ao longo destes cinco anos foram criadas memórias e fotografias que ficarão para sempre guardadas na nossa memória.

Tivemos dois diretores de turma que, apesar de muito diferentes,  se revelaram igualmente importantes para nós.

Primeiro, ao Professor Gonçalo, um grande obrigado por nos ter tornado na turma unida que somos hoje, sem o Professor nunca teríamos conseguido alcançar esta realidade.

E a seguir, mas não menos importante, agradecemos ao Professor Hélder, mais conhecido por Heldinho, pelos valores que nos ensinou e pela forma como conseguiu que nos tornássemos uma turma ainda mais unida. Obrigada também por nos ter adotado, pelos doces e por todas as memórias. Foram três épocas como nosso treinador.

No 2o ciclo, memórias irreais nunca vão ser esquecidas, como as aulas da professora Paula Castro onde todos participavam, até mesmo cães, galinhas e coelhos.

Na primeira segunda-feira do 3o ciclo, e nas seguintes, a nossa primeira aula era a de Geografia, com o Professor Carlos Ramalho, que nos ensinou os momentos ideais para rir e chorar, e que deixou uma saudade que se prolongará para o resto da nossa vida de estudante. Um grande obrigada, professor, por todos as gargalhadas e raspanetes, apesar de nos ter abandonado a meio da viagem, chegamos todos ao mesmo destino.

Outros professores que igualmente abandonaram o navio foram o professor Fernando Mota, que nos motivou para todas as aulas de moral e que as tornou muito mais interessantes com as suas críticas sobre os adolescentes, e o professor Pedro Gabriel, que nos tornou uns pequenos “trolhas” e que sempre nos assustou com os seus “testes surpresa”.

Quanto à professora Ana Cristina, consideramo-la uma segunda diretora de turma, excelente casamenteira, peregrina e professora.

Por fim, temos um gigante obrigada a dizer ao nosso contador de histórias preferido, ao nosso amigo professor Zé Miguel que por muitos anos que passem nunca o vamos esquecer, nem a si, nem aos valores e princípios que nos incutiu. Obrigada por nos ter ensinado tudo: como matar um escorpião, como dar aulas de terapia para casais, como funcionava tudo na Base das Lajes e como se salta de paraquedas. Assim, esperamos que não se esqueça de nós, dos seus manfios, pois se se esquecer, será um falso camarada, e falsos camaradas não são aceites no nosso batalhão.

Em geral, agradecemos a todos os docentes do colégio que tiveram uma forte contribuição nas pessoas que somos hoje, desde os nossos e nossas educadoras até à Cidália, à Celeste e à Paulinha, símbolos da nossa infância que nunca iremos esquecer.

“Meus amigos, agora um pequeno parêntesis:

Todos nós temos imenso orgulho no que o Colégio nos tornou. Sabemos que os alunos que vão sair serão sempre bem-vindos nesta humilde casa. Não temos forma de agradecer por nos terem ensinado o verdadeiro valor da família e por nos terem acompanhado ao longo deste percurso. Este final de ciclo representa o final de uma etapa da nossa vida que ficará para sempre nos nossos corações para relembrar com amor e nostalgia.

E não fechamos este parêntesis, tal como o professor Zé Miguel nunca fechou, pois esta história nunca irá acabar.

9.º B

 

Vivemos livres e despreocupados, sem fronteiras ou quaisquer restrições. Conduzimo-nos por este caminho de medos e inseguranças e, na nossa despreocupação, fomos inacreditavelmente felizes, ignorando por completo aquilo que o futuro nos augurava. Neste momento, no entanto, a iminência da separação paira sobre nós como o fumo num quarto fechado, asfixiante e incontornável. Olhamos em nosso redor, e tudo aparenta uma certa indistinção. Já nada é familiar e não nos conseguimos orientar. Estamos perdidos.

Tudo isso se deve ao facto de, ao longo destes anos, do mesmo modo que um rio segue o seu curso, termos seguido numa calma imperturbável o nosso próprio caminho, contemplando com deleite tudo aquilo que ilumina a nossa passagem, não considerando sequer a proximidade do dito “desaguar”. No entanto, o derradeiro momento aproxima-se. O oceano ergue-se agora, altivo e impiedoso, diante de nós, numa promessa de nos envolver, isolar e retirar tudo aquilo que outrora nos foi tão familiar. Mas não o temamos, conquistemo-lo. O passado retém-nos e a mudança liberta-nos. Sigamos então, de cabeça erguida e coração aberto por estes mares que, apesar de já terem sido por muitos navegados, ainda ocultam tantos mistérios. E, quando tudo mais parecer incerto, deixemos que a certeza de, ao nos voltarmos para trás, nos depararmos sempre com o reconfortante porto seguro que construímos ao longo destes anos nos mostre a rota a seguir.

Todavia, como é evidente, tudo isso seria impossível sem o apoio incondicional dos professores que nos têm vindo a acompanhar e, por isso, queríamos agradecer-lhes por nos ensinarem algo muito mais importante que conceitos, fórmulas, definições ou teorias. A educação que recebemos trata-se da arma mais poderosa para mudar o mundo. A partir do conhecimento que partilharam connosco, não só estamos preparados para o próximo ciclo, como também estamos um bocadinho mais próximos de conhecer a realidade que nos rodeia. Todos nós nos encontramos numa demanda desenfreada para alcançar a realização pessoal. E, na verdade, tudo temos para agradecer, porque, como foi possível reparar, às vezes, não somos fáceis de lidar. No entanto, prometemos, hoje, prosperar o legado que nos entregaram tão firmemente todas as aulas. Obrigada por nos terem ensinado, não a partir dos manuais, mas a partir do coração. Obrigada pelo rigor, pela exigência e pela perfeição exigidas nas aulas tal como não podemos deixar de agradecer pelo trabalho exaustivo, pelo apoio incondicional e pela motivação excepcional que nos deram.

Apesar disso, é irrevogável que as pessoas que tivemos o prazer de conhecer e que nos acompanharam enquanto parte da turma constituíram, sem dúvida, aquilo que mais nos marcou individualmente durante esta “viagem”. Todos aqueles que nos acompanharam pelo nosso “caminho” contribuíram para a formação de quem somos hoje e deixaram grandes amizades, gravadas para sempre nos nossos corações. Com certeza que, depois de tudo o que vivemos como uma família, algumas das relações que cada um estabeleceu com certos membros da turma vai ser carregada para a posterioridade. Deste modo, cada um, embora com um pouco de tristeza, conclui o nono ano com um sentimento de realização e com a felicidade que reteve de 5 anos de risos, choros, lamentações, brincadeiras e, o mais importante, de aprendizagem, não só das metas curriculares exigidas por cada disciplina, mas também daquilo que aprendemos uns com os outros.

Ser uma turma é mais do que ser um grupo de pessoas que partilha uma sala de aula durante seis horas por dia, cinco dias por semana. Ser uma turma é ser uma família e partilhar os bons e maus momentos, mas sobretudo saber alegrar, através da empatia e das interações diárias, uma tarefa que seria, de outro modo, um fardo desagradável. É assim que as nossas piadas privadas dão cor aos dias por vezes monótonos ou desanimados, aliviando-nos da carga das nossas responsabilidades por alguns momentos satisfatórios. São momentos como estes que quebram o gelo e nos mostram onde está o que realmente importa; talvez em frente aos nossos olhos, ou um pouco acima de nós. Mesmo que derreta e nos obstrua a visão, nunca nos afastamos do que realmente importa, mantendo o ambiente tranquilo e favorável. No entanto, tudo isto são estereótipos, pois cada situação é única. E às vezes pode parecer que estamos encurralados num beco sem saída, sobrecarregados não só pela escola e pela pressão parental, mas também pelas “homornas” da adolescência, porém temos de compreender que ainda estamos verdes e precisamos de amadurecer. No fundo, no fundo, a vida é um rolinho de canela: tudo anda às voltas, tanto que chega uma altura que nos perguntamos “Ai Deus, é u é?”, no desespero de não sermos “able of understanding”. Por agora, temos apenas de começar todos os dias com um “Booooas pessoaaaal” e aproveitar os momentos que temos entre a seriedade hiperbólica que seria o dia-a-dia sem o 9ºC.

Enfim…Foram uns bons 5 anos…olhamos para trás com uma lágrima desolada no canto do olho pelo fim de algo maravilhoso e um sorriso otimista que nos ocupa o rosto pelo início de algo ainda melhor. O futuro acena-nos, atrai-nos, recebe-nos de braços abertos. E no passado ficam as lembranças de um período em que, unidos, parecíamos derrubar barreiras, ultrapassar obstáculos, conquistar tudo o que estava ao nosso alcance. O mundo pertencia-nos. Porque, na nossa pequenez, tudo era acessível e alcançável. Abre-se agora, diante do nosso olhar surpreso e amedrontado, um horizonte de novos desafios e objetivos. E esse receio do desconhecido deixa-nos hesitantes e inseguros. Mas há que largar o impasse apaziguador do conforto e confiar na magia dos recomeços. A memória destes anos servirá sempre como exemplo para o futuro e como elo inquebrável a este passado tao cómodo, mas tao pouco ousado. Vamo-nos a eles heróis! A cada um de vocês e a todos vós: foi um privilégio enorme ter-vos como turma, que é a maior história de amor que alguma vez poderia contar.

9.ºC

 

Boa noite,

Aqui, nestes anos desenhados, fica uma fundação. Uma fundação das pessoas que seremos, não simplesmente iguais aos outros, mas os poetas que nascemos. Poetas no sentido de criadores, de construtores de uma sociedade diferente, que contempla a vida como algo incerto. Não seremos soldados da ordem preconcebida do mundo, da produção. Em tudo aquilo que trabalharmos e fizermos colocaremos a nossa individualidade, com um respeito imenso pelos outros. O colégio ensina-nos isso.

Há 5 anos fazemos parte de uma turma cuja história podemos comparar a uma grande novela. A maneira como nos relacionamos este ano pode ter sido por vezes conturbada. Contudo, no fim guardamos apenas o que de melhor aconteceu, desde o quinto ano, o facto de, com personalidades tão distintas, termos conseguido, não uma relação superficial, mas uma relação vincada, que não passa só por uniões e sorrisos. Nem tem que passar, porque a vida não será assim e há que ter honra e orgulho nisso. Disso brotaram amizades intermináveis e palavras de agradecimento da boca de todos, como “obrigado porque me ajudaste a crescer. Recordarei o teu perfume, a tua imagem, a tua voz, as tuas palavras, todas, as acres e as doces. Recordá-las-ei, mas não como memória. Recordá-las-ei na solenidade dos meus atos, feitos com os meus valores, pensados, refletidos, como um legado glorioso de te ter conhecido. Lembrar-me-ei de quando choraste, de quando riste, e de quando a minha cara foi espelho da tua, porque te sentia, porque não tenho medo de dizer que te adoro e que estou aqui.”  A tal amizade.

Um dia diremos que desejamos voltar atrás no tempo, mas não podemos e felizmente, porque isso seria muito artificial. É um pouco como viajar para o futuro. Não podemos esquecer o lugar da incerteza, que exige de nós atenção e descoberta. Este descobrir constante daquilo que parece que já conhecemos permitiu termos passado tantos momentos juntos e estarmos felizes. No início não conhecíamos senão a parte de fora do outro. Agora, estamos dentro uns dos outros, porque felizmente soubemos ser humildes e olhar para as vivências do outro como tão ou mais gloriosas que as nossas.

As ações que tivemos perdurarão, porque sempre perdura o bom e o mau. Hoje, falamos do bom. Se quisermos construir uma metáfora para o perdurar das ações  pensemos que a nossa vida é um rio e a sua periferia ou margem é aquilo com que nos deparamos, com que o nosso leito se delicia. Imaginemos que durante 5 anos vimos sempre as mesmas árvores a crescer, a mesma paisagem. Imaginaram? Agora idealizem que os nossos sentidos são o que permite ao rio receber os reflexos da margem. Se vimos tanto tempo a mesma paisagem e o rio continuou a correr é natural que, no fim, a ideia que fica dela não é um vislumbre. É sim uma demorada e bela contemplação. Por isso, meus amigos, nos conhecemos. Porque somos rios. Assim como a humanidade não é apenas o presente, tem história, nós também temos.

Agradecemos profundamente ao colégio, ou seja, às pessoas que nele trabalham, especialmente aos nossos professores, que foram mais do que uma escola virtual, que foram amigos e dedicados a cada um de nós, que fizeram mais do que o seu dever, para que nos tornássemos pessoas melhores, não temos dúvida. Na docência dá-se muito, mas imaginamos que se receba também, senhores professores. Pedimos desculpa pelas vezes em que não correspondemos às vossas expectativas. Esperamos nunca ter desrespeitado o vosso trabalho. Agradecer à Direção por estar aqui presente e ao professor Fernando que, juntamente com os Diretores de Turma, possibilitou este encontro.

Por fim, deixamos uma palavra de carinho à nossa diretora de turma, professora Raquel Fernandes, que nos aturou durante estes três anos. Sabemos que a professora é pragmática e não mostra os seus sentimentos facilmente. Contudo, temos consciência que gosta de nós tanto como um daqueles números em notação científica que não cabem na calculadora, assim como o amor não cabe no coração e, por isso, sai para os outros. Muitíssimo obrigado, boa noite ao Freitas.

9.ºD

 

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