Por vezes de um dia que vivemos, de um filme, de um poema… por vezes de alguém, conservamos uma palavra. Não saberemos explicar porquê, mas essa palavra aloja-se dentro do nosso pensamento, atravessa vagarosamente os nossos silêncios, fecha-se à chave dentro de nós. Estamos, depois, sempre a vê-la. Anos e anos passaram e nunca pensámos nessa palavra ou no que ela nos traz. E, depois, estamos sempre a vê-la escrita ou a ver letras dispersas que quase, quase a escreveriam. A meio de uma conversa insuspeita, colocamos essa palavra, a testar, para adivinhar como seria se ela nos pertencesse, mas sabemos donde vem essa pequena herança que talvez o acaso, talvez o amor, abandonaram à nossa escuta, como se estivesse em nós a possibilidade de proteger ou até mesmo de salvar esse mundo tão vasto que, às vezes, é na nossa vida uma simples palavra.