Há alguns anos ofereceram-me um belíssimo livro ilustrado que se chamava As Mulheres Que Lêem São Perigosas. Não era, embora possa parecer, um manifesto machista contra a leitura praticada por membros do sexo feminino, mas tão-só um excelente apanhado de pinturas representando mulheres a lerem nos mais variados contextos e épocas. Um dia destes, porém, mandaram-me uma notícia bem estranha (com vídeo incluído, embora de muito má qualidade porque gravado por um telemóvel) que me fez recordar o título deste livro; dizia que uma passageira de uma companhia aérea de baixo custo tinha sido expulsa de um avião por querer levar consigo um livro. Ora, nestas companhias, só se pode mesmo levar uma mala – e a rapariga, ao que parece, tinha um saco com um cartaz e um livro e não queria que aquelas duas coisas fossem para o porão: a primeira, imagino, porque se amachucaria, a segunda – o livro – porque pretendia ler durante o voo. Pois a verdade é que acedeu a pagar 50 Euros de excesso de bagagem (o livro devia ser mesmo bom), mas o cartão de crédito não funcionou e o pessoal de bordo recusou-se a tê-la na cabina com o saco. E, como ela se terá recusado a partir sem ele, foi simplesmente expulsa do avião… Talvez as mulheres que lêem sejam perigosas e tragam bombas dentro dos livros para accionar a bordo.
Maria do Rosário Pedreira
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