Sábado, 28 de Março de 1813
Durante esta manhã, e na esperança de avistar Miss Elizabeth, encaminhei-me para o seu recanto preferido. Vagueava pelo parque havia já cerca de uma hora, quando encontrei a minha amada senhora de olhos vivos e um tanto misteriosos.
Apercebendo-me das suas intenções de se afastar, apressei o passo e chamei pelo seu nome. Miss Elizabeth Bennet voltou-se e aproximou-se do portão. Chegando ali também, apresentei-lhe uma carta, talvez a mais sincera carta que jamais havia escrito. Ao mesmo tempo que a formosa senhora tomou, de modo instintivo, os meus pensamentos em suas mãos, pedi-lhe, confesso que com certo orgulho, que lesse as palavras tingidas a tinta no papel que lhe entregara. Deste modo, retirei-me com uma vénia.
Após cumprir tal tarefa, regressei a Rosings, onde me encontro de momento. Questiono-me constantemente acerca da reação de Elizabeth face às minhas mais sinceras palavras. Na carta, fiz referência, sem me humilhar, ao meu modo de encarar a vida; não repeti os sentimentos verbalizados na noite anterior, embora, para infelicidade de ambos, estes não possam ser esquecidos tão rapidamente quanto desejado. Passei então às devidas explicações acerca de duas ofensas, de natureza e importância distintas, que me foram dirigidas por Miss Bennet na noite passada.
A primeira acusação dizia respeito ao modo insensível como afastei Mr. Bingley de Miss Jane Bennet. Face a estas gravíssimas palavras, referi não ter conhecimento do tão forte vínculo que os ligava, o que talvez se devesse ao facto de Charles e Jane não exteriorizarem o amor que sentiam. Quanto à desajustada acusação – a da minha alegada injustiça para com George Wickham – restou-me revelar-lhe pormenorizadamente um segredo da minha família. Referi os bons laços criados entre George e meu pai, os quais levaram o último a deixar-lhe bem generosa herança. Contudo, Wickham dissipara os bens e acusa-me vivamente de injustiça. Como vingança, aproximou-se de minha irmã Georgiana e, com o consentimento desta, raptou-a. Minha irmã, cega por amor, não percebera que o amado apenas pretendia apoderar-se de sua fortuna e estatuto social.
Fiz o que me era possível para obter o respeito e a compreensão de minha querida Elizabeth, pelo que prossigo ansiando pelo nosso reencontro.
Fitzwilliam Darcy
Diana Afonso, 10.ºE