“Os Homens Que Odeiam as Mulheres”, de Stieg Larsson

A violência contra as mulheres é um tema retratado em diversas obras. O livro Os Homens Que Odeiam as Mulheres, de Stieg Larsson, é um forte exemplo da abordagem deste tema na literatura.

Esta obra de ficção apresenta um enredo que se desenvolve na Suécia, considerada por organismos internacionais o melhor país para as mulheres viverem, mas em cuja sociedade não deixam de abundar casos de violação e de maus-tratos, facto evidenciado por estatísticas apresentadas no início de cada uma das quatro partes do livro, como “46% das mulheres suecas foram sujeitas a violência por parte de um homem”. Com este pano de fundo, é proposto ao jornalista Mikael Blomkvist o desafio de descobrir o que aconteceu à sobrinha de Henrik Vanger, Harriet Vanger, que desaparecera sem deixar rasto há quase quarenta anos. Este acontecimento, premissa do livro, constitui desde logo um retrato poderoso e fiel deste tempo conflituoso e inquietante, em que as mulheres são abusadas e as crianças sujeitas a violência e maus-tratos. Blomkvist recorre à ajuda da jovem Lisbeth Salander, uma rapariga considerada desequilibrada, que se revela uma personagem deveras importante para o desenrolar da ação. O seu papel de protagonista, e o facto de também ter sofrido de abuso sexual por parte do seu tutor, acentuam a sua determinação e coragem em condenar todos os homens responsáveis por tais crimes, estando segura dos seus objetivos e sendo intransigente com injustiças. Ao longo desta investigação, estas duas personagens deparam-se com verdades intensas e cruéis, confrontando-se com mortes de diversas mulheres inocentes. Tome-se o caso de figuras femininas como Rebecka Jacobsson e Liv Gustavson, que morreram devido a graves agressões infligidas por homens. A personagem de Hariet Vanger é mais uma testemunha destes atos devastadores, acabando por se descobrir que o seu desaparecimento fora propositado, para se refugiar da influência traumática do seu irmão e da memória dos abusos a que este a submeteu. Desta forma, o romance retrata de forma crua o desespero vivido pela vítima, que simulou a própria morte para se reencontrar com a vida.

Em suma, para além de a obra possuir um enredo extremamente rico e cativante, existe claramente uma mensagem subjacente que extravasa a componente de mera ficção, materializando-se num apelo à igualdade de direitos e num grito de alerta contra a violência de que as mulheres ainda são alvo no mundo atual.

Mariana Salgueiro, 10.ºB

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