Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…
Mário Quintana
O itinerário dos poemas não tem fim. Os poemas não ficam sepultados nos livros esquecidos na imensidão do tempo. Os poemas circulam de mente em mente, de mão em mão, de boca em boca, alimentando-se um instante em/cada par de mãos e partem. Em cada paragem, os poemas aumentam o seu ego, a sua fama, multiplicando-se. Os poemas vão-se divulgando e difundindo pelo mundo, sem ficarem mortos entre capas de livros.
Francisco Silva
A poesia não habita numa simples resma de papel ou num ordinário borrão de tinta. Este veículo de expressão da individualidade de um “eu” passa também a integrar a natureza de cada um que ousa ler as suas sentenças. Mesmo após fecharmos o livro, o conteúdo que ele encerra permanece deambulando no interior do nosso ser, extrapolando as fronteiras do normal e do imaginável. A poética não se confina a espaços e não se prende a dogmas, depende apenas da livre interpretação de um qualquer intrépido leitor.
Afonso Sabença
Os poemas são nómadas. Viajam de livro em livro, de mão em mão, de leitor em leitor, levando consigo um pouco de cada um por quem passam.
É esse o seu propósito. A razão pela qual não podem, em ocasião alguma, ficar mais do que um breve “pouso”. Um golpe de asa. Uma curta viagem através da magia que carregam na sua essência.
Francisco Caetano
Tal como os pássaros são livres e espontâneos, os poemas também o são. Não ficam aprisionados dentro do livro que se fecha, mas “alçam voo”. Presentes na mente do leitor, têm asas para voar. Assim, podem ser partilhados e reinventados por quem os recebe. Alimentam-se um instante em/cada par de mãos e partem enriquecidos, sem rumo, nem pouso/nem porto. Tal como as pessoas, os poemas nascem, alimentam-se do meio que os envolve e crescem, sendo, no entanto, eternos.
Francisco Dias
Esmeraldo Pereira
Quintana é único pelo estilo resumido de dizer tudo sem falar muito, e pela forma simples e diferente com que o faz. Seus textos alimentam a mente e a alma, posto que induz ao raciocínio e, ao mesmo tempo, evoca a espiritualidade. Esse poema não cansa de viajar dentro da gente. Que coisa linda e prazerosa. Obrigado, Quintana!