POEMA COLETIVO – “CADÁVER ESQUISITO”

 

“Départ du Naivre Ailé”, Vladimir Kush (circa 2000)

 

O que é um gigantesco ser humano comparado com o mísero universo?

É uma flor que murcha no decorrer da primavera.

O que é o amor jovem sem o medo da traição?

É uma brisa fresca num dia quente de verão.

O que é um olhar opaco sobre o nada?

É um paraíso de memórias sem começo nem fim.

O que é o mar cheio de magia?

É um vazio preenchido de alegria.

O que é um coração partido?

É um grande sonho contido em pouca esperança.

O que é a humanidade?

É um mar sem fundo que nos magnetiza para o abismo.

O que é o planeta Terra sem seres humanos?

É uma estrada sem bifurcações cujo destino é um estacionamento com lugares infinitos de ideias.

O que é a fantasia?

É uma majestosa rosa vermelha num vasto jardim de túlipas.

O que é uma cascata sem água?

É um esquadrão de estrelas que não se apagam numa corrida contra o tempo.

O que é poesia?

É imensidão do espaço dentro da minha mente.

8.ºD – 2021/ 2022

 

Nota: Um “cadáver esquisito” (do francês, “cadavre exquis”) é uma técnica criativa desenvolvida pelo movimento surrealista, cujo objetivo é subverter o discurso literário convencional. O processo de escrita é coletivo. Cada um dos autores contribui com um verso, sem que possa ter em conta as colaborações precedentes. Este poema foi criado à luz desta técnica, numa aula de introdução ao estudo do texto poético.

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