Oscar Wilde escreveu “Nada pode curar a alma, mas os sentidos, assim como nada pode curar os sentidos, mas a alma.” De quando em vez, isolo-me com a distância infinita que o tempo me concedeu entre a existência – entre a magia e o sonho, aliás – de uma figura como Wilde e o período em que se insere a minha jornada. É talvez por esta ocasião que procuro, involuntariamente, desacreditar em palavras e sensíveis frases remotas que me comovem profundamente. E, no entanto, parece-me que é a descoberta destas teorias, desenhadas por mentes brilhantes, no pano da realidade, que movimenta a nossa condição insaciavelmente humana de busca do algo particularmente indefinido, mas certamente embebido em deleite, felicidade e realização.
O mundo contemporâneo não me permite tecer a melodia da minha harpa entre noites em cafés fumados e madrugadas em bibliotecas douradas ou entre o escuro exótico de um Brasil por desmistificar e uma Paris do século XIX. Assim, limito-me a perseguir emoções no interior de um real moderno e sensivelmente menos áureo.
Fiz uma viagem à Alemanha. Cheguei mais tarde a aperceber-me de que tal proposição é simplesmente irrelevante. Na verdade, viajei por uma realidade que o quotidiano institucional me oculta.
Deste modo, aprofundei a minha “missão de deslindação da vida” e deixei-me atrair por um lugar à mesa num frágil casebre de madeira em Marburg, juntamente com outros 48 “missionários” como eu. Como eu…
Palavras que me cortavam intensamente o ar quando pensava nelas. Parti para ser diferente e para descobrir que sou igual a tantos outros. Aterrou-me esta ideia, devasto-me agora com uma nova missão: acomodar-me junto dela.
Vera Mariz, 11.º ano C