A Intolerância Religiosa em “O Último Cabalista de Lisboa”, de Richard Zimler

Hoje em dia, a intolerância religiosa ainda é uma realidade na nossa sociedade. Já na Idade Média, em Portugal, testemunhámos uma situação de discriminação associada a um grupo étnico religioso, os judeus. Durante esta época, estes foram violentamente atacados, perseguidos e mortos; historicamente, existem evidências da presença de judeus em Portugal no período referido, que coincidiu com a época marcante da Inquisição. O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Zimler, aborda esse tema, mas com especial destaque para o Massacre de Lisboa, ocorrido em 1506, contexto em que os cristãos-novos foram mortos e queimados.

Desta forma, numa época onde a peste negra e a fome prevaleciam, e com D. Manuel a ser obrigado a expulsar os judeus do país, a fim de casar a sua filha com um rei de Espanha, o grupo étnico é perseguido e os seus membros forçados a converterem-se em cristãos-novos (muitos acabariam por ser mortos). No livro, a família Zarco (de etnia judaica) também se vê perseguida durante o Massacre, sendo que Abraão Zarco (tio do narrador Berequias) é encontrado morto, despoletando a intriga que move a ação. Para além disso, nesta época, muitos cristãos-novos continuavam a praticar o judaísmo em segredo, o que é exemplificado, neste romance histórico, por Abraão Zarco, um cabalista (cientista ligado ao judaísmo), que clandestinamente ensinava o seu sobrinho. O tema também se reflete na obra quando Berequias é obrigado a fugir para Constantinopla, juntamente com a sua família, devido à violência que ele e tantos mais sentiram na data de 1506.

Assim, a intolerância religiosa, que provocou motins e matança na Idade das Trevas, deu lugar à perda de fé em Deus e nos Homens por parte de Berequias, mas levou-o numa jornada para descobrir o enigma da morte do tio, da senhora que se encontrava com ele, também morta, e do roubo de um manuscrito importante. Tudo isto causado e inspirado pelas perseguições que se deram durante este período negro.

Leonor Maia, 10.ºB

 

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